Espetáculos

O auto da barca do inferno


Roteiro adaptado:


Narrador
A história que eu vou contar
Amedronta qualquer vivente
É morte a mais temida
Do mendigo ao presidente
Agora vem outra leva
Eu te falo com razão
Em qual barca vão adentrar
A do anjo ou cramunhão?

Diabo
Como todos ai sabem
Tô cansado de ganhar
Aqui sempre é casa cheia
E o outro a boiar

Anjo
Lá vêm eles!
A concorrência vai ser boa
Vou ganhar desse infeliz
E mostrar quem é que manda!

Narrador
Já começa com esse aí
Desse jeito eu não aguento
Um político ladrão
Onde o povo é o seu sustento
Se esse aí for pro inferno
Não sinto nenhum lamento

Diabo: hehehe eu estava te esperando, demorasse pra chegar, vamos lá venha entrando.
Politico: Entrar pra onde quem você que acha que eu sou?
Diabo: você não se lembra de mim? De toda ajudaq que eu te dei
Politico: a mim? E eu la preciso da ajuda de ninguém!
Diabo: ohm deixe de frescura aproveite que ta vago!
Politico: nessa joça eu não entro com você é que eu não vou, vou pra aquela outra barca onde ta o Sr. dotô.
(caminha para barca do anjo)
Anjo: eae campeão... Tá querendo o que?
(por refrão da musica “Ta querendo o Que novinha”)
Politico: rapaz... (mexendo as mãos) e aí? E essa vaga... ?
Anjo: que vaga o que cabra? E tu lá tens vaga aqui cabra da peste? Vai pra do demônio mermo ele num é o teu padrinho?
Politico: é o tipo da coisa... Você sabe tenho muita coisa, eu sou rico!
Anjo: deixe de enrosco, aqui num tem rico nem pobre não, dexe de raparigaji e vá pra lá que aqui você num entra não!
(volta para barca do diabo)
Diabo: já voltou?
Politico: é o jeito...
Diabo: vamo entre logo já me gastasse tempo demais!
(politico entra cabisbaixo dentro da barca do inferno)
Narrador
Agora lascosse tudo que diacho é isso que vem o representante do senhor que leva a paz, semeia o bem,
com uma puta a tira colo no meio desse xenhenheim.

(entra o padre com a sua “acompanhante de luxo”)
Diabo: vamo entrando !
Padre: te desconjuro maligno! Sai pralá bixo de chife, vou para o meu Salvador! – Vamos minha filha! (segurando namão de sua acompanhante)
(caminham para barca do anjo)
Padre: A benção santo anjo!
Anjo: deixe de frescura, pensa que eu num sei da tua vida não é?
Padre: que isso meu senhor... Passei a vida todinha, todinha trabalhando pra igreja!
Anjo: Deixe de conversação, va logo pros lado do demônio e lijeru!
(voltam para a barca do demônio)
Padre: é o jeito eu ir aqui mesmo
Diabo: entre logo os dois!
Padre: chegue minha bichinha, parece que esse é o nosso fim!
Puta: nosso? O seu! Eu vou é com o anjo!
(volta para a barca do anjo, toda insinuosa)
Puta: Eaiiin bebee, posso entrar meu amor? (mordendo os lábios)
Anjo: para?
Puta: você sabe amooor... Pra barca... ! Eu faço qualquer coisa... !
Anjo: rapaz ate que ta precário aqui.. Mas não da não.
Puta: certeza... ?
Anjo: é... Mas tente ali um vip no cramunhão!
(Volta para a barca do diabo)
Puta: eai mô... Será que rola quele tratamento VIP?
Diabo: deixe de frescura, entre logo aqui!
(a puta entra rebolando)


Narrador
Carro quebrado não anda
Bebo Caído não cai
Ponta de corno não fura
Cachaça pura não vai!
Entra logo “Fi” de corno!

(Bebum entra. Musica bebo pra esquecer só não me esqueço de beber)
Diabo: vamo chegando
Bebum: chegando onde? Tas, tas, tas abestalhados é...
Diabo: abestalhado o que fela, desde conversa que eu não tenho o dia todo. Bora Entra logo!
Bebum: rola uma biritinha ai não?
Diabo: se você quer birita para o resto da eternidade nem pense entrar naquela barca!
Bebum: é mermo rapaz? Eu acho que eu vou com você!
Diabo: então entre, entre logo.
(o bebum se encaminha para a barca e começa a chorar)
Bebum: minha família sempre pediu para eu parar de beber, se eu for para aí eu nunca vou parar.
(o bebum olha para cima e rindo)
Bebum: eu nunca vou parar de beber, eu nunca vou parar de beber...
Diabo: num vai nem perguntar pra quele ali não?
Bebum: vou nada
(O bebum entra na barca com a musica “beber, cair e levantar”)

Narrador
Meu Deus O que tu fizestes
Matasse um Quase Doutor
Aluno lá do IF
Com cara de sofredor
Tirasse ele da peleja
Tu é mesmo o Salvador!

(Entra o aluno do IFRN Puto da via ou da morte! caminhando pra barca do demônio)
Diabo: Opa borá macho entre logo!
Aluno: Entrar pra onde cabra?
Diabo: Pra barca
Aluno: e esse diacho vai pra onde?
Diabo: Pra casa de carai, Inferno, como você preferir! E aí Vai?
Aluno: De novo? Vim dessa porra agora! Trabalho em cima de trabalho, esse teu inferno ai é moleza!
Diabo: Então entre aqui...
(Aluno se encaminha para barca)
Anjo : Ei Psiiiu
(Refrão da musica “Beijo me liga”)
Aluno: Que é?
Anjo: Teu nome ta nessa lista aqui ! Já sofresse demais lá naquele inferno!
Aluno: Eu sabia que num iam esquecer de mim , até que enfim felicidadeee ...
(Aluno entra na barca do Anjo)
Narrador
A dona do prostibulo
Mais fino que já se houve
Morreu mermo no serviço
Que Quase se Atolou-se
E foi no meio da sua vida
Que seu destino Traçou se!

(Dona de Cabaré entra e vai em direção ao anjo)
Dona de Cabaré: Ei você!
Anjo: Aff aqui num é o teu lugar não.
Dona de Cabaré: Mas o q é isso pra onde isso vai, eu ajudei muitas garotas na minha vida.
Anjo: Tome tento sua leviana, tu boto as bixinha no mau caminho sinhá.
Dona de Cabaré: Mas você tinha de me perdoar! Eu estou arrependida
Anjo: Ta, ta, ta, ta perdoada, mas aqui você num entra não!
Dona de Cabaré: UAITI?
Anjo: É vai lá praquela barca ali! É melhor pra você.
Dona de Cabaré: Mas, mas, mas!
Anjo: Ligeiro e avexado!
(Vai pra barca do diabo)
Diabo: Porque não veio logo pra cá
Dona de Cabaré: Ai tinha esperanças ali ainda (risos)
Diabo: Queria da um PITU no anjo né safada!?
Dona de Cabaré: A gente tenta né.
Diabo: Sim, mas vamos entrar logo, q ainda tem um buscando chegando.
Dona de Cabaré: Aff que indelicadeza.... Quando eu te conheci tu era mais gentil hein!
Diabo: Os Tempos mudam meu cravo... Os tempos mudam...
Dona de Cabaré: (Suspiros) Tá, tá!
(Dona de Cabaré Entra n barca do Diabo, toda Serelepe)


Narrador
Esse infeliz condenado
Metido a “Sinhor” doutor
Desonrou o seu diploma
Que tinha ganho com louvor
Pra salvar um FI de puta
Ladrão e feitor de horror!

(Juiz entra e é logo interceptado pelo diabo)
Diabo: Opa, achei que você não fosse vim pra cá, mas parece q as coisas mudaram hein!
Juiz: Perdão meu nobre senhor, mas acho que o senhor esta tendo um devido engano!
Diabo: Rapaz tu tas morto precisa desse palavreado não cabra?
Juiz: Desculpe-me, mas não sou obrigado a dar atenção a um ser como maligno como Você!
Diabo: Vai cuspir no prato q comeu mesmo é?
Juiz: Neste eu jamais comi, irei pra outra barca!
Diabo: Apôs vá tentar a sorte lá seu caba de peia! Depois num volte chorando!
Juiz: Adeus, e tenho certeza que não voltarei a ver o rosto de vossa Mediocridade!
(Juiz se encaminha para barca do anjo todo confiante)
Juiz: Olá meu caro Senhor
Anjo: O que Queres aqui?
Juiz: Vim tomar posse do meu descanso eterno!
Anjo: E quem disse q tu vai descansar?
Juiz: Mas quem entra nessa barca, não obtém o Descanso Eterno?
Anjo: Sim!
Juiz: Então? Irei obter o descanso eterno, Ora pois!
Anjo: N – A -- O – Til NÃAO
Juiz: Mas eu sou um símbolo do bem !
Anjo: Mas você usou seu trabalho de ma fé, absolvendo vários criminosos!
Juiz: E agora quem poderá Me defender!
(Chapolin Colorado aparece)
Chapolin: EU O CHAPOLIN COLORADO!
(Anjo intercepta-o rapidamente)
Anjo : Mas, mas o que? Você morreu Chapolin? (espanto)
Chapolin: Morri? (surpreendido) Palmas, palmas, não priemos canico!
(Chapolin da uma volta para conhecer o lugar)
Chapolin: (Risos) Estúdio errado Adeus! Siga-me os Bons!
(Chapolin colorado sai inexplicavelmente)
Juiz: Isso não fez sentido algum !
Anjo: acontece... Vá lá pra barca do diabo, já me gastastes muito tempo !
(Juiz vai para barca do diabo, ainda confuso)
Juiz: Bem, O jeito é ir pra cá mesmo!
(Juiz vai subindo na barca, enquanto o diabo zomba dele)
Diabo: Hehe, Pior do q cuspir no parto q comeu é voltar a comer no prato q cuspiu!

Narrador
Lá vem um vendedor
Q na vida trabalhou
Muito a família ajudou,
Sempre ao lado do senhor!
Seu lugar ele semeou!

(Vendedor entra)
Anjo: EEEEI NEM PARE AI NÃO CARA, VENHA PRA CA!
Vendedor: Pera ai rapaz, aqui é caminho, pera chego já ai, chego já!
Anjo : (sussurra) pqp
(vendedor para em meio à barca do inferno)
Vendedor: Opa vim aqui oferecer minhas mercadorias, pra vocês!
(todos que estão na barca, começam a caçoar dele)
Todos: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Você morreu, Morreu! Kkkkkkkkk
Vendedor : Homi deixe de malagradagi
Diabo: Hahaha você esta morto mesmo!
Vendedor: Mas e a minha família?
Diabo: Eles estão muito longe agora!
Vendedor : Minha esposa, Meu filho, o que eles vão comer agora?
Diabo: (gritando) ENTRE!
Vendedor: Irei praquela outra barca, me parece ter mais vantagens ele salvara minha família!
(Caminha para barca do anjo)
Vendedor: Desculpe-me a demora, estou muito confuso, perdoe-me!
Anjo: To por bem de num deixar você entrar....
Vendedor: Mas eu sou do bem, eu amo minha família 1
Anjo: Eu sei eu sei, quanto a isso fique tranquilo, não vamos desampara-los.
Vendedor: Oh como me dexastes feliz!
Anjo: Venha pode entrar na barca! Este é seu lugar.
(Enquanto sobe na barca)
Vendedor: Muito obrigado, muito obrigado.

Narrador
E esse pobre vivente
Na vida nada lhe deram
Era pobre e jogado
Nunca ficou nem contente
A morte trouxe a vitória
De mais um irmão da gente!

(Entra o mendigo)
Mendigo: Ai meu Deus onde é ki eu vim parar agora?
(Mendigo olha pra barca do inferno)
Mendigo: opa cabra me desculpe a pergunta, mas onde bexiga é isso aqui?
Diabo: Aqui é o ponto da “morrença”, toda individuo, seja bom ou mal vem pra cá!
Passe pra cá macho, vamos entrando !
Mendigo: Olhe minha vida nunca foi boa isso eu admito, mas também num sou de viajar com qualquer um não, pra onde diacho tu vai?
Diabo: Nunca tivesse besteira com isso, vai ter agora?
Mendigo: Rapaaaz... queria saber ao menos pronde é que eu vou...
Diabo: Vou pra casa macho, para de arrodeio logo, vou pro inferno!
Mendigo: Vai de Reto Satanás, vou praquela outra ali cabra, eu findo os meus dias aqui nesse canto, mas com você eu num vou não!
(Mendigo se dirige a barca do anjo)
Mendigo: Ô amigo podia me dar uma ajudinha?
Anjo: As ordens!
Mendigo: O Condenado ali, disse q aquela barca vai pro inferno e q meu lugar era ali rapazes?
Mendigo: Tem como me ajudar não?
Anjo: Rapaz. Pelo q eu vejo aqui, você foi bom na sua vida mesmo sendo pobre você “Quase” sempre foi honesto...
Mendigo: Então eu posso ir com o senhor?
Anjo: Homem quer saber, entre, entre logo!
Mendigo: Deus te abençoe!
Anjo: Nós Todos!



Narrador
Esse ai vai ser difícil
Qual julgamento vai ter?
Muda o corpo do povo
Colocou carne sem ter
Mexeu com o poder de Deus
Esse aí eu quero Ver!

(Cirurgião plástico entra)
Diabo: Aaah Esse ai num tem como escapar não, pode vim entrando logo!
Cirurgião plástico: Hã? Não to entendendo porque eu vou pra aí?
Diabo: “ironicamente” não ta entendendo?
Diabo: Você mexeu com as criações de Deus rapaz!
Cirurgião Plástico: Mais eles eram infelizes!
Diabo: Você esta dizendo que Deus criou eles errados?
Cirurgião Plástico: Não, não, nada disso, você esta me deixando confuso, mas eu só fiz porque eles não se sentiam satisfeitos, não foi por mal.
Diabo: nada disso, você afrontou Deus, e por isso seu lugar é aqui!
Cirurgião Plástico: Vou pra ali Aquele outro deve me entender!
Diabo: Vai mesmo me deixar falando sozinho?
(Cirurgião Plástico vira a cara, e caminha para barca do anjo)
Cirurgião Plástico: Ola amigo, pra onde sua barca vai?
Anjo: Essa barca tem o destino do céu!
Cirurgião Plástico: Rapaz, me falaram que o meu trabalho era algo ruim. Algo que desafiava Deus, mas isso não é verdade, eu sempre...
Anjo: Fique calmo cabra. Eu sei quem é você, sei o que você fazia. O seu lugar ta guardado.
Cirurgião Plástico: Ah que bom obrigado. Fico muito feliz com isso. O meu trabalho não era algo só para a beleza das pessoas. Era mais que isso, era para ajudar quem precisa, ajudar os feridos...
Anjo: Eu sei, eu sei... Entre logo. Vamos.
(Cirurgião entra na barca. Todos saem de cena)
(Entra o Chapolin)
Chapolin: Não contavam com minha astúcia! “Anda de um lado até o outro do palco”
(Apagam-se as luzes. Fecham-se as cortinas).



Por que nós escolhemos essa obra?

Essa é uma obra engraçada o que facilita os nossos objetivos como um grupo que é levar a cultura da arte cênica para o povo. Também achamos que a escolha de uma obra que o público queira assistir, vai fazer eles começarem a apreciar teatro e achar que teatro não e só aquelas coisas como Shakespeare - obras complexas para leigos. Mas que pessoas ´´comuns`` também podem apreciar a arte.
Esse espetáculo em especial tem uma obra social importante pois enfoca que seus atos maus serão jugados mesmo depois de sua morte, ou seja, o mau nunca vence. O céu e o inferno sempre saberão o que você fez em vida. É claro que faremos uso da comédia para amenizar o peso do tema que é céu e inferno


Sobre o autor.


Pouco se sabe sobre a vida de Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno. Ele teria nascido por volta de 1465 em Guimarães (Portugal) e morreu em 1536. Casado duas vezes, teve cinco filhos, incluindo Paula e Luís Vicente, que organizou a primeira compilação das suas obras. Gil Vicente foi considerado um autor de transição entre a Idade Média e o Renascimento. A estrutura das suas peças, e muitos dos temas tratados, foram desenvolvidos a partir do teatro medieval, defendendo, por exemplo, valores religiosos. No entanto, alguns apontam já para uma concepção humanista, assumindo posições críticas.


Sobre a obra.


O Auto da Barca do Inferno é uma complexa alegoria dramática de Gil Vicente, representada pela primeira vez em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respectivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória).

Os especialistas classificam-na como moralidade, mesmo que muitas vezes se aproxime da farsa. Ela proporciona uma amostra do que era a sociedade de lisboa das décadas iniciais do século XVI, embora alguns dos assuntos que cobre sejam pertinentes na atualidade. Devido ao seu roteiro, também pode ser intitulado de auto do julgamento das almas.


Diz-se "Barca do Inferno", porque quase todos os candidatos que vão ser julgados seguem na barca do inferno (a do diabo) e poucos na do céu (barca do anjo).


Na adaptação, porém, o número de almas em cada barca é um pouco balanceado, e o texto foi adaptado para a sociedade brasileira atual, para uma melhor compreensão do espetáculo.



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